quarta-feira, 10 de novembro de 2021

 

ANTÓNIO DA COSTA GUIMARÃES (1832 - 1892)



Retrato a óleo de António da Costa Guimarães


«António da Costa Guimarães, o fundador

Nascido em 1832 na freguesia de Travassós, no concelho de Fafe, António da Costa Guimarães começou como aprendiz no comércio de linhos, instalando-se como comerciante de tecidos em 1854. Aos 30 anos já dispunha de uma rede de teares manuais de dimensão industrial e tornou-se num dos mais influentes negociantes de Guimarães. Foi vereador e dirigente associativo.

Participou nas exposições internacionais e os seus produtos foram premiados pela alta qualidade. Sensível à inovação tecnológica, e ao contrário dos seus pares, não contratou mestres estrangeiros para administrarem a sua Fábrica, antes investiu na formação de um empregado da sua máxima confiança, que enviou para Manchester para aprender mecânica têxtil e acompanhar a instalação da primeira linha de teares mecânicos de tipo Jacquard.

Do casamento com Maria Josefa da Silva Mattos nasceram os filhos Anna Emilia da Costa, Maria d’Oliveira Costa, Amelia da Conceição Costa, Maria Margarida Costa, José Miguel da Costa Guimarães, Simão da Costa Guimarães, Álvaro da Costa Guimarães e Francisco d’Assis Costa Guimarães.

Em 1859, aos 27 anos, foi chamado à direção da Assembleia Vimaranense, então presidida pelo Visconde de Pindella. O nome de António da Costa Guimarães consta ainda da relação dos instituidores da Associação de Socorros Mútuos Artística Vimaranense (1866) tinha 34 anos, e figura como secretário efetivo do Conselho Fiscal da direção de 1890 do Banco de Guimarães (58 anos).

Entre 1878 e 1880 António da Costa Guimarães foi indicado para as listas à Câmara Municipal. O industrial irá acompanhar o presidente António Coelho da Mota Prego (advogado e proprietário) integrando o executivo municipal entre 1878 e 1880.

Afastou-se da política para se dedicar apenas à fábrica. O próximo membro da família a integrar as listas do município seria o filho mais velho, José Miguel, afeto ao Partido Regenerador, que acompanhará o Conde de Margaride como vereador substituto nos anos de 1888 e 1889. Sucedem-se novos mandatos em 1893 e 1894/1898, como vereador, sob presidência de António Coelho da Mota Prego. Esta proximidade aos centros de decisão política terá, certamente, reforçado a notoriedade social e posicionado a família no seio da mais insigne elite vimaranense.

Sugere-se, a este respeito, a leitura do artigo “Guimarães entre 1853 e 1901: um apontamento político e social”, de Francisco Brito, publicado no Boletim de Trabalhos Históricos (2014).38 BOLETIM DE TRABALHOS HISTÓRICOS 2017

António da Costa Guimarães faleceu aos 60 anos, em Guimarães, no dia 5 de novembro de 1892, na sequência de uma doença cardíaca. O seu funeral foi muito participado e noticiado.

“Fallecimento – Victimado aos estragos d’uma lesão cardiaca, falleceu esta noite o illustre senhor Antonio da Costa Guimarães, acreditado negociante e prestimoso industrial d’esta cidade, onde montou a excellente fabrica de tecidos de linho do Castanheiro, que, se honrou a sua arrojada iniciativa, mais honra ainda, pela excellencia dos seus productos, a importante industria vimaranense a que veio abrir mais largos horizontes.

“O sr. António da Costa Guimarães, que às suas qualidades de exemplar chefe de familia reunia os dotes d’uma irreprehensivel austeridade de caracter, d’uma inconcussa probidade e d’uma inapreciavel energia trabalhadora, era aqui e em toda a parte onde era conhecido, geralmente estimado e apreciado como o são sempre todos os homens de bem.

A toda a sua desolada familia, e especialmente a seu filho e sócio, José Miguel da Costa Guimarães, a que nos prendem

laços d’intima amisade e de suma gratidão, enviamos d’aqui a expressão sincera da nossa condolencia”.

In Comércio de Guimarães, IX Ano, N.º790, de 7 de novembro de 1892

O seu legado não se confinou à Fábrica, à proeminente atividade social ou a um lugar na toponímia local. Costa Guimarães viveu o tempo suficiente para transmitir aos filhos a energia de um espírito inquieto, inconformado e ambicioso, sintonizado com o novo tempo e aberto à inovação e aos progressos que a educação, a ciência e a tecnologia pareciam oferecer. Deixou também o exemplo de um cidadão ativo que os filhos mais velhos seguiram ao envolver-se com o movimento político, cultural e associativo da cidade. José Miguel como político, dirigente associativo e industrial, Simão Costa como benemérito da Sociedade Martins Sarmento e patrono de um prémio escolar com o seu nome, mas também dedicado bombeiro voluntário. Foi, aliás, a sua entrega aos Bombeiros Voluntários de Guimarães, onde assumiu funções como comandante (1894 a 1933) que lhe concedeu um lugar na história de Guimarães. Apaixonado por automóveis aplicou os seus dotes de mecânica à reconversão de um camião Studebaker num autotanque de combate a incêndios. Terá sido o próprio a desenhar a transformação do veículo, que tem o seu nome, circula e faz parte do museu daquela Associação Humanitária.»

Paula Ramos Nogueira

Centro de Física e Instituto de Investigação Interdisciplinar da Universidade de Coimbra

In: https://www.amap.pt/static/uploads/c/bth/2017/bth2017_1.pdf

 

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Fábrica do Castanheiro no início do Século XX (AMAP)


                               
Diploma de 1ª classe atribuído a António da Costa Guimarães, Filhos & C.ª
pela participação na Exposição Industrial de Guimarães, 1884 (AMAP)






Diploma - Medalha de prata atribuída a António da Costa Guimarães, Filho & C.ª
pela participação na Exposição Internacional de Viena, 1873 (AMAP)





Salão de fiação mecanizada e contínuos - Fábrica do Castanheiro. Século XX
 (AMAP)